Aula 08- Português
Leia o texto e em seguida responda as
seguintes questões:
"O
Capitão e o moço"
"- Capitão, o menino está preocupado
e muito inquieto devido à quarentena que o porto nos impôs.
- O que te inquieta, menino? Não tens
comida suficiente? Não dormes o suficiente?
- Não é isso, Capitão. É que não suporto
não poder ir à terra e abraçar minha família.
- E
se te deixassem sair do navio e estivesses contaminado, suportarias a culpa de
infectar alguém que não tem condições de aguentar a doença?
- Não me perdoaria nunca, mas para mim
inventaram essa peste.
- Pode ser, mas e se não foi inventada?
- Entendo o que queres dizer, mas me
sinto privado da minha liberdade, Capitão, me privaram de algo.
- E tu te privas ainda mais de algo.
- Está de brincadeira, comigo?
- De forma alguma. Se te privas de algo
sem responder de maneira adequada, terás perdido.
- Então quer dizer, segundo me dizes, que
se me tiram algo, para vencer eu devo privar-me de mais alguma coisa por mim
mesmo?
- Exatamente. Eu fiz quarentena há 7 anos
atrás.
O passo seguinte foi unir a isso uma
depuração de pensamentos pouco saudáveis e ter cada vez mais pensamentos
elevados e nobres. Me impus ler ao menos uma página a cada dia de um argumento
que não conhecia. Me impus fazer exercícios sobre a ponte do barco. Um velho
hindu me havia dito anos antes, que o corpo se potencializava ao reter o
alento. Me impus fazer profundas respirações completas a cada manhã. Creio que
meus pulmões nunca haviam chegado a tamanha capacidade e força. A parte da
tarde era a hora das orações, a hora de agradecer a uma entidade qualquer por
não me haver dado, como destino, privações graves durante toda minha vida.
O hindu me havia aconselhado também a criar
o hábito de imaginar a luz entrando em mim e me tornando mais forte. Podia
funcionar também para as pessoas queridas que estavam distantes e, assim,
integrei também esta prática na minha rotina diária dentro do barco.
Em vez de pensar em tudo que não podia
fazer, pensava no que faria uma vez chegado à terra firme. Visualizava as cenas
de cada dia, as vivia intensamente e gozava da espera. Tudo o que podemos obter
em seguida não é interessante. Nunca. A espera serve para sublimar o desejo e
torná-lo mais poderoso. Eu me privei de alimentos suculentos, de garrafas de
rum e outras delícias. Me havia privado de jogar baralho, de dormir muito, de
praticar o ócio, de pensar apenas no que me privaram.
- Como acabou, Capitão?
- Eu adquiri todos aqueles hábitos novos. Me
deixaram baixar do barco muito tempo depois do previsto.
- Privaram vocês da primavera, então?
- Sim, naquele ano me privaram da primavera,
e de muitas coisas mais, mas eu, mesmo assim, floresci, levei a primavera
dentro de mim, e ninguém nunca mais pode tirá-la de mim."
(Alessandro Frezza)
1-
Quem
são as personagens principais do texto e qual é a personagem secundária?
2- Onde se passa a narrativa?
3- Qual o problema enfrentado pelos
nossos personagens?
4- O que vem a ser uma quarentena?
5-
O
que inquieta tanto um dos personagens da narrativa?
6- Em um certo momento ele afirma que o
privaram de sua liberdade, o que ele não podia mais fazer?
7- Você também acha que está sendo
privado de sua liberdade nestes dois últimos meses? Justifique sua resposta.
8- Um dos personagens conta, que ele já
passou por algo parecido 7 anos atrás. O que ele fez na época?
9- O texto nos traz alguns ensinamentos.
O que ele quer nos mostrar?
10- Na sua opinião, que epidemia é retratada no
texto?
OBSERVAÇÕES
A atividade deverá ser entregue até o dia 12
de junho e se possível fazê-lo e entregá-lo pelo Google Classroom. Abraços da professora Maria